segunda-feira, 30 de junho de 2008

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Exposição - PAULO VIVACQUA - Fotos



Algumas fotos da exposição do Paulo Vivacqua, que fica na galeria até o dia 12 de Julho.












segunda-feira, 16 de junho de 2008

Exposição - PAULO VIVACQUA




Que arte é essa? Numa época em que tudo está gritando, há o desejo de uma arte quieta na razão inversa do barulho. Que arte é essa que, ao sussurrar, constitui a profundidade do sentido na superfície impalpável do ar? Que arte é essa que nos convida à profundidade da superfície, como se fosse uma pintura de camadas de ar a nos envolver, não pelo tato, mas pelo ato e pelo fato de um som que funda um tempo que se estica preguiçosamente no espaço e que trai a vertigem avassaladora da fragmentação contemporânea? Que arte é essa que quer retornar a alguma forma de constância, e quer ser no tempo parada para que o tempo seja maior que o espaço e nos convide a conviver com uma freqüência mais baixa em que a alma se acalma, o pensamento flui e a leveza possa existir? Que arte é essa que quer criar estabilidade num mundo fragmentado e que, em se fazendo no tempo, quer nos dar acesso para um lugar fora do tempo? Fora desse tempo que se tornou uma medida asfixiante porque quer definições (e elas não são possíveis); porque quer certezas imperais, quando elas não mais existem; porque quer o sentido, onde só há patinação na superfície.

Que arte é essa que nos convida a conviver com a flutuação? Flutuar é conviver na leveza; é buscar a superfície da profundidade. A areia no fundo do oceano, o oceano no fundo da areia, a lua no meio do céu, e o céu no meio de outros céus. Flutuar é ser no som. É pensar por saltos. É ver por justaposição. É a sintaxe do vento. São as folhas se mexendo não por uma causalidade mecânica, mas por uma força impalpável que as envolve e as conduz. A sintaxe do vento é a sintaxe do som atonal, do olhar magrittiniano, do verbo de Becket; de uma narrativa flutuante. Uma narrativa que se constitui no processo não aleatoriamente, mas por uma sincronia que se impõe pela força de um mesmo imaginário. Que arte é essa que quer potencializar um outro imaginário? Um imaginário que possa fluir na leveza da flutuação e cerzir sentido em um tecido esgarçado pelo excesso de demanda de desejos, pela constrição da velocidade, pela dispersão da fragmentação, pelo patético da estupidez.

Que arte é essa que, ao ser confortável aos sentidos, é generosa consigo mesma não gerando expectativas, mas solicitando atenção, delicadeza e disponibilidade? Que arte é essa que quer a calma e a experiência da radicalidade do real, sem os subterfúgios da fantasia da realidade ou, ainda, deseja a fantasia como uma realidade possível? Que arte é essa que tem uma intencionalidade romântica de chegar à coisa em si, mas que dela se desvia, não pelo medo ou pela insegurança, mas pela certeza da abrangência que sabe estar contida naquilo que quer flutuar e nunca se fechar? Que arte é essa que deseja planos mais lentos e consistentes, que nos convida a mergulhar no lago, ver o reflexo das águas, ouvir o som dos ventos e dos pastores, o canto dos anjos e a voz das sentinelas, a presença pelo som, o sentir pela imagem? Que arte é essa que quer ser visível, sendo som; que quer ser som, sendo visível? Que arte é essa que quer esculpir o tempo?

Que arte é essa que quer nos dar o tempo como preciosidade? Paz (o ronco dos vulcões). Paz (o abandono das enchentes). Paz (a fera revoltada). Paz (a solidão da velhice). Paz (a cegueira no precipício). Paz (o grito no sonho). Paz (o som do surdo). Paz (a ferida interna que não se fecha). Paz (a sabedoria do paradoxo). O som do silêncio. O mundo que se expande dentro de cada um de nós. O mundo sem medida ou tamanho, que nos torna cúmplices do nascimento e da morte. Porosos. O som que acalma e a cantiga de ninar. Mãe. O mundo é som (Peter Sloterdijk). Tudo vive no som. Tudo tem tremor de som. O som é o uivo do eterno, principalmente quando há silêncio; quando as palavras se recolhem e o som se amplia e nos reconhecemos no som primordial (Big bang), que fez eclodir a visão e nos gerou no tempo que nos abriga. Que arte é essa que alguns de nós queremos construir e que dê conta das dúvidas, estranhezas, incertezas, imponderáveis, imprevisíveis e tudo o mais que nos aflige, que nos põe frente a frente com o mistério, do qual não queremos escapar, mas o desejamos por ser a saída para um encontro com certezas que nos deixam mais próximos de nós.

Que arte é essa que à la Matisse quer o conforto da paz porque quer confeccionar o sentido no seu limite porque, como Becket, não se trata de localizar o desejo de um sujeito, mas de formatar os outros entre os outros, localizando um lugar? Um lugar onde nos sentimos confortáveis com o desconforto de nosso tempo porque é um lugar abrangente em que não nos escondemos nas mentiras, mas delas nos protegemos ao aceitá-las como verdades. Que lugar é esse que essa arte almeja – o lugar onde talvez alguns de nós gostaríamos de estar –, que indica com seu som que é possível estender o tempo, que é possível ser no tempo, que é possível esquecimento. Que lugar é esse que anunciado pelo fim da história (pelo fim dos tempos) é aguardado como uma reconciliação com o uno e que hoje experimentamos como o incontrolável deslocamento do múltiplo? Que lugar é esse inventado pela arte, que hoje ela recusa ocupar, mas que almeja recuperar como o lugar onde a vida sempre esteve? Que lugar é esse?

Marcio Doctors



Em exposição do dia 20 de junho a 12 de julho

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Agenda

Cildo Meireles . Tempos e Espaços: estética como ética / ética como estética

O seminário que irá discutir a produção de Cildo Meireles chega à BH neste sábado (14/06), no Inhotim.

Mais informações:

O seminário “Cildo Meireles. Tempos e espaços: estética como ética/ ética como estética” reúne, pela primeira vez no Brasil, teóricos de diversas áreas para discutir a produção de Cildo Meireles e, a partir dela, questões urgentes no contexto atual da globalização: do redimensionamento das fronteiras entre centro e periferia às relações entre identidades locais e cultura global. O seminário acontece em três finais de semana consecutivos na Estação Pinacoteca, em São Paulo (SP), em Inhotim Centro de Arte Contemporânea, em Brumadinho (MG), e na Funarte, em Brasília (DF).

Em mais de quarenta anos de produção artística, Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948) vem lidando com novas formas de circulação do trabalho de arte, buscando refletir, na estruturação da própria obra, sobre os sistemas de circulação simbólica que, de forma variada e com intensidades diversas, é constantemente apropriado pela lógica capitalista de circulação de mercadorias. Nos últimos anos, seu trabalho tem sido consagrado no panorama nacional e internacional tanto pela discussão sobre o poder de mudança e transformação da arte na sociedade contemporânea quanto por inaugurar novas práticas artísticas condizentes com uma possível inserção crítica neste sistema.

A aparente simplicidade formal de seus trabalhos mescla sistemas simbólicos e de linguagem advindos de vários campos de conhecimento e saberes tradicionais. Tal abordagem propicia um processo de re-significação que potencializa, a partir de sutis deslocamentos, o poder poético e político de elementos institucionalizados. Neste sentido, sua obra se apresenta como local privilegiado de reflexão sobre a relação entre ética e estética, política e arte, na sociedade contemporânea.

PROGRAMAÇÃO

SÃO PAULO-SP

Sábado, 07 junho
10h – Palestra de Moacir dos Anjos
15h – Inserções e circuitos - Mesa-redonda com Suely Rolnik e Ricardo Basbaum.

Domingo, 08 junho
11h – Palestra de Sônia Salzstein.

Local: Auditório Vitae – Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, Largo General Osório, 66 – São Paulo - SP.
Entrada gratuita. Distribuição de senhas uma hora antes.Lotação: 160 lugares.



BRUMADINHO-MG

Sábado, 14 junho

11h – Palestra de Paulo Herkenhoff.
15h – Cultura e lugar, Global e local - Mesa-redonda com Lynn Zelevansky e Thais Rivitti.

Local: Galeria Fonte, Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Rua B, 20 – Inhotim – Brumadinho - MG.

Entrada gratuita. Inscrição obrigatória pelo e-mail info@inhotim.org.br e pelo telefone (31) 3227-0001




BRASÍLIA-DF

Sábado, 21 junho

14h30 – Palestra com Frederico de Morais.
16h30 – Entrevista aberta com Cildo Meireles pelos críticos Frederico Morais, Glória Ferreira e Lisette Lagnado, com mediação de Evandro Salles.

Domingo, 22 junho

15h – Mesa redonda com os curadores do seminário Taisa Palhares, Rodrigo Moura, Jochen Volz e Evandro Salles.

Local: Sala Cássia Eller, Complexo Cultural Funarte - Brasília. Eixo Monumental Setor de Divulgação Cultural Lote 2 – Brasília – DF.

Entrada gratuita. Inscrição obrigatória pelo e-mail bsb@funarte.gov.br. Informações pelo telefone (61) 3322.2029 e pelo site da
funarte

link: http://www.cultura.gov.br/programas_e_acoes/cultura_e_pensamento/noticias/index.php?p=31556&more=1&c=1&pb=1

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Lemos e gostamos



Publicado originalmente no site artinfo, o galerista e colecionador WM Hunt, da galeria Hasted Hunt em New York, dá algumas dicas para colecionadores de fotografias. Vale ressaltar que várias das dicas podem ser aproveitadas para outros tipos de obras e não apenas fotografias.


Vale a pena ler!


Nine Tips for Photography Collectors
By Kris Wilton
Published: May 22, 2008


NEW YORK—“The difference between someone who collects and someone who doesn’t collect,” says WM Hunt, cofounder of Chelsea’s
Hasted Hunt gallery and a 35-year collector himself, “is committing. You like a picture, you’ve got the money, buy the damn thing. Commit.

”Hunt offered this tough-love call to action at a panel called “Collecting Photography: What’s Hot,” at the debut
New York Photo Festival, which took place in Brooklyn’s Dumbo neighborhood May 14–18. Joining him were fellow gallerist Yancey Richardson, collector (and record exec) Kent Belden, and Patrick Amsellem, who is associate curator of photography at the Brooklyn Museum. The discussion was organized by AIPAD (the Association of International Photography Art Dealers).

Like many of photo-world professionals and enthusiasts who attended the new festival, dedicated to “the future of contemporary photography,” these four talked about finding that perfect work — a work that compels you to collect — as a visceral, pulse-raising experience.

“Look at the hair on the back of your hand,” advises Hunt. “Listen to your heart. Commit.”

Here are some more tips from the panel to help you get started.


1. No Trust Fund? No Problem You might not be a nouveau riche Russian billionaire or the heir to a family forture, but that doesn’t mean you can’t be a collector. “There are many areas of the market to collect in," says Richardson. "You can buy Struth and Gursky and be ready to spend a hundred thousand to half a million dollars, but you can also buy strong young artists for, say, $2,000 to $3,500.”

2. Let Dealers Help “A lot of dealers are collectors at heart, so they share this excitement and enthusiasm for finding a piece that’s fabulous and wonderful and right for you,” says Richardson — even if that fabulous piece is in another gallery. “Part of the excitement of the photographic community is that a lot of sharing goes on.”

3. Be SneakyIf you find a work that you love but can’t afford, look around a bit, advises Belden. You may be able to find a smaller version of it being offered somewhere else. Belden does most of his searching online, trying auction house, gallery, and artist Web sites.

4. Look in the ClosetIf you go to an art fair, says Richardson, look in the closets. “I’ve found some of the best pieces for myself and my clients in the closets of the exhibition booths. They’re for sale, but they’re tucked away for one reason or another.”

4. Don’t Rely on FairsGo to art fairs to see a range of work, but go to exhibitions at galleries to learn about a particular artist’s range, says Richardson. “You’ll have a much better understanding of who that artist is.”

5. And While You’re There…If you find an artist you like at a particular gallery, ask to see work by other artists it represents, since it could be that your taste overlaps with the gallerist’s. You can also browse through a gallery’s stable of artists online, though Richardson warns that there’s a good chance the images posted there are not necessarily the newest work.

6. Do Not Fear the GallerinaThose chic, bespectacled young aesthetes behind the desk at the gallery may not be the most welcoming, but they’re there to help. “I know people find galleries intimidating,” says Richardson, “but we’re always trying not to be.” She suggests the following approach: “If you’re interested in something, walk up to the gallerina at the desk and say you’d like some help, or point to something on the wall and say, ‘Who is that, can you tell me about that?’ In many galleries, someone will happily get up and talk to you about the artist.”

7. Stop By in the Summer“Summertime’s a great time to look at photographs,” says Hunt, “because many galleries will do a summer show that features talent that the gallery’s trying on to see the response. The price point is pitched a little lower, because you get a different kind of traffic in summer. And I think dealers behave a little differently.”

8. Give a Little, Get a LittleCharity auctions can be a great place to find bargains, says Richardson. Galleries are unlikely to offer up their very best gems, but “often a lot of very good pieces are donated. It’s also a great way to get exposed to a lot of work.” Hunt adds that it’s also “a great way to see a mix of photographs that may otherwise never be seen together.”

9. Be a JoinerIf you can afford it, join the support group for patrons of the photography department of your local museum, suggests Richardson. “Curators and directors will talk with you about work they’ve seen that they think is important. They’ll take you through the art fairs and help you understand what you’re looking at.”


Fonte:
http://www.artinfo.com/news/story/27658/nine-tips-for-photography-collectors/